Jornalismo


Feliz coincidência. Na semana de estréia desse blog vem ao estado para falar no ciclo de altos estudos Fronteiras do Pensamento o sociólogo Pierre Levy, pai de alguns conceitos importantíssimos no que diz respeito ao ciberespaço, inclusive do próprio conceito de ciberespaço. Em entrevista ao caderno Cultura, da edição do último dia 11 do jornal Zero Hora, Levy jogou ao vento, como de praxe, mais um punhado de inquietações acerca dos efeitos dessa tecnologia da comunicação chamada internet. E algumas especialmente nos dizem respeito, porque são causas da transformação das formas de se fazer jornalismo on-line.
Será que a passagem de um período primário em que webjornalismo era praticado com as simples transposição do jornal impresso, para um estágio em que os sites de informação on-line demandam interatividade e velocidade de informação face o tempo presente, é conseqüência apenas da evolução tecnológica do suporte? Quais as transformações sociais que estariam acompanhando essa evolução do jornalismo on-line? Levy responde: “Podemos falar em um tipo de aceleração de processos, todos os tipos de processos, incluindo o conhecimento, a economia e a política. As coisas são rápidas, e isso não é causado pela Internet, ela é apenas um dos vários fatores que contribuem para acelerar todos os processos culturais e sociais”. Ora, se a velocidade dos fatos acelera, a transformação desses fatos em notícia também acompanham essa aceleração.
Outro ponto a se observar é a questão da memória. Segundo o conceito acadêmico de que todas as tecnologias de comunicação são extensões dos sentidos humanos, a tecnologia que consolida o quarto período jornalístico (digo consolida porque não me refiro ao computador em si, mas ao surgimento de um ciberespaço) é a extensão de todos os sentidos ao mesmo tempo (questão multimídia da internet), e mais importante do que isso, a extensão da memória. Pierre Levy diz na entrevista: “A memória não é algo que está em nosso cérebro. Memória é tudo que podemos recordar. Então podemos recordar memórias do nosso cérebro, mas também podemos recordar de livros, de bibliotecas ou da web. Acho que uma das mais óbvias conseqüências do advento do ciberespaço é a documentação da memória.” Creio que estão dadas as cartas para a formação de uma memória de fato coletiva e cronologicamente abrangente. A partir do momento que essa memória se solidifica e passa a servir de base de dados para a própria escrita da história, vem a inquietação: será que a questão chave da transposição do terceiro para o quarto estágio do jornalismo on-line não estaria justamente no que concerne à semântica do conteúdo jornalístico, mais do que da própria maneira de se fazer jornalismo on-line, ao meu ver já totalmente definida no terceiro período? Será que a formação de uma cibermemória coletiva (conseqüência do processo de inclusão digital) não demandaria dos responsáveis pela produção de webjornais um aprimoramento no que tange à profundidade de análise dos fatos, em detrimento da preocupação excessiva com o presenteísmo do que é veiculado?
Levy traduz, eu indago; nós não dormimos à noite.



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