As renováveis, os estaleiros e o Contribuinte
Jornalismo

As renováveis, os estaleiros e o Contribuinte



A partir deste artigo de Silva Pereira no DE, vamos esmiuçar como as opções políticas de um governo, nomeadamente os seus impactos económicos, são discutidas na praça pública…


“Dada a centralidade da questão energética, este resultado prova que o investimento nas energias renováveis, feito na década que muitos diziam "perdida", foi afinal a mais importante reforma estrutural da história recente da economia portuguesa.
Graças ao investimento nas energias renováveis, Portugal começou a enfrentar, finalmente, um dos mais graves problemas estruturais da economia portuguesa: o problema crónico da dependência energética nacional, responsável por quase metade do desequilíbrio das nossas contas com o exterior."

Bem, isto seria verdade se o capital usado para fazer o investimento fosse oriundo de poupança (pública ou privada) nacional. Na verdade, como esses investimentos foram feitos com recurso a dívida externa, a dependência em relação ao exterior é um falso argumento pois há que pagar a fatura do capital + juros + as taxas de rentabilidade dessas PPP (algumas chegam aos 14%, 16%, diz-se...).

Assim, anulado o argumento da "dependência do exterior", o que seria melhor para os portugueses contribuintes e para a economia nacional,
pagar (por ex.) 5 cent. por cada kwh consumido ou pagar o dobro ou o triplo?

Mas a superficialidade e  o deslumbramento com que este tema das renováveis é abordado por Silva Pereira – e que não difere muito da maioria das peças noticiosas que chegam à agenda mediática -, transforma-se num exemplo interessante pois ser demonstrativo da bondade e ausência de escrutínio com que o jornalismo português costuma olhar para as causas oriundas de partidos da esquerda. Um fenómeno que aqui no blog designámos a lógica “Esquerda boazinha Vs Direita maléfica”.

Repare, apesar de alguns efeitos positivos, sob esta “capa verde”, o negócio das PPP energéticas serviu para garantir às grandes empresas como a EDP e, especialmente, à banca, rendas fixas que se manterão por décadas e taxas de rentabilidade altíssimas, fruto dos milhares de milhões de euros direcionados para estes projetos pelo governo socialista. Mas raramente se fala na circunstância de estes projetos beneficiarem descaradamente os “interesses do grande capital”.

Não, tudo o que vem da esquerda é intrinsecamente bom

Há muitas formas de fazer contas, mas os negócios socialistas contam sempre com a visão mais bondosa de jornalistas e redações … até o TGV, o novo aeroporto, eram um ótimo negócio, lembram-se? 

Outro exemplo,o computador Magalhães: imagine que um governo de direita decidia adjudicar diretamente a uma empresa privada o fornecimento de computadores no valor de dezenas de milhões de euros. Que ângulo, acredita o caro leitor que o jornalismo luso optaria por destacar no espaço mediático? 

Os supostos benefícios para a educação das criancinhas proporcionados pelo contacto com a tecnologia ou o “negócio obscuro” entre os governantes de direita e os seus amigos nas empresas privadas?

Obviamente, o dinheiro para todos estes projetos - veio, vem e virá - de
impostos pagos pelos contribuintes portugueses. Já aqui no blog abordamos este assunto das renováveis e constatamos que, mesmo contando com um dos mais elevados custos de eletricidade, o que os portugueses estão a pagar não chega para cobrir o custo real do sistema e, mais dia, menos dia, alguém terá de assumir os cerca de 4.000 milhões de défice tarifário que o Estado português deve a essas empresas (será interessante ver o que Silva Pereira terá a dizer sobre o assunto...).

Sobre os Estaleiros...
Por comparação com a cobertura jornalística do assunto renováveis, vejamos agora o caso dos Estaleiros de Viana. Trata-se de uma empresa que tem prejuízos crónicos. Nos últimos 6 anos cerca de 30 a 40 milhões de euros de prejuízo que, claro, são pagos com impostos dos portugueses. Por constrangimentos vários, nomeadamente, a legislação europeia, o Estado português não pode reestruturar aquela empresa pelo que avança com a subconcessão. Após concurso público, a escolha recai numa empresa portuguesa que pagará quase meio milhão de euros por ano e assumirá a gestão dos estaleiros, deixando o contribuinte português de suportar os prejuízos recorrentes.

Pense nos dois negócios – PPP renováveis e concessão dos estaleiros – recorde o que em jornais, rádio ou televisão, ouviu sobre os mesmos e tire as suas conclusões em relação a qual deles será o mais ruinoso para os portugueses que pagam impostos.

E então, considera-se um cidadão bem informado?

(peço desculpa, mas em função de fenómenos informáticos estranhos, a publicação de posts neste blog enfrenta algumas dificuldades de ediçao... )



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