Enquete: conceitos, referências, futuro...
Jornalismo

Enquete: conceitos, referências, futuro...


Fizemos uma breve enquete, por email, com os pesquisadores que apresentaram no Siget trabalhos sobre gêneros jornalisticos ou sobre a pesquisa em gêneros no Brasil. O objetivo, proximo da analise do ultimo post, é saber sobre as referências bibliograficas estrangeiras e nacionais para os estudos de gêneros, o conceito de gênero seguido, a utilização das nomenclaturas "discursivo e textual", e a intenção em se continuar estudando o assunto.


Embora a quantidade não nos permita fazer uma sintese para a area linguistica no Brasil, as respostas recebidas (que agradeço aqui) reafirmam a importância de Bakhtin nos estudos sobre gêneros e a diluição dos limites entre as nomenclaturas "discursivo e textual".

Fizemos dois blocos de questões : um para aqueles que estudam gêneros jornalisticos em suas pesquisas e outro bloco para quem apresentou sobre a pesquisa brasileira em gêneros. Transcrevemos abaixo as perguntas enviadas e as respostas recebidas com o nome dos autores, seus emails e trabalho acadêmico mais importante (*), segundo o proprio pesquisador:

Questões do bloco 1:
1. Você trabalha com qual conceito de gênero? (textual, discursivo) Você daria ou citaria uma definição mais proxima?
2. Quais são suas 3 principais referências estrangeiras para trabalhar o conceito de gênero?
3. Qual a sua principal referência brasileira para trabalhar o conceito de gênero?
4. Você pretende continuar estudando gêneros? (coordena ou esta integrado em pesquisa; pretende fazer pos-doc; entrar em grupo de pesquisa sobre gêneros)


Christine Carvalho ([email protected])
Universidade Catolica de Brasilia (UCB)
Trabalho apresentado no Siget* : "O gênero discursivo CD-ROM nas práticas de linguagem" (em pdf)


1. Gênero discursivo e textual.

2. Bakhtin, M. Estética da Criação Verbal. (trad. 1997)
Fairclough, N. Analysing discourse: textual analysis for social research. 2003

3. Marcuschi, L. A. ... ( Gênero textual) em algumas pesquisas.

4. Estou integrado em projetos de pesquisa e pretendo fazer pos-doc.


Najara Pereira ([email protected])
Universidade de Caxias do Sul
Trabalho apresentado no Siget, com Luis Recckziegel: "Gêneros e formatos na TV: uma discussão sobre a hibridização nos programas "Mais Você" e "Bem Familia""
Tese*: A marketização no discurso dos magazines femininos televisuais (em pdf)


1. Parto do conceito de Bakhtin, por isso sintonizo mais com gênero discursivo, mas como ainda há discussões sobre a nomenclatura tendo a usar gênero textual/discursivo.
Tenho utilizado essa definição de Bakhtin (1986:60) editada por Motta-Roth (2005): Gêneros é um conjunto de enunciados mais ou menos marcados pelas especificidade de um contexto de enunciação, onde uma dada atividade humana recorrente está em andamento em um contexto de cultura. Esse conjunto de enunciados é marcado também pela esfera de utilização da língua, pelo objetivo comunicativo, pelo conteúdo explorado.
(Disponível aqui em pdf)

2. Tenho utilizado:
FAIRCLOUGH, N. Analysing discourse: textual analysis for social research. London/New
York: Routledge, 2003.
CHOULIARAKI, L. ; FAIRCLOUGH, N. Discourse in late modernity: Rethinking criticaldiscourse analysis. Edinburgh: Edinburgh University Press, 1999.
SWALES, J. M. Genre Analysis: English in academic and research settings. Cambridge:
Cambridge University Press, 1990.
BAZERMAN, C. Gênero, Agência e Escrita. São Paulo: Cortez, 2006.
______. Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2005.

3. Motta-Roth, Désirée.

4. Sim, meu trabalho, desde o mestrado envolve análise de gênero em textos midiáticos. Mesmo que não seja o foco principal dos meus estudos e de minha pesquisa, é um elemento fundamental para trabalhar as questões sobre discurso e linguagens. Faço parte de grupos de pesquisa que discutem e pesquisam gênero, além de coordenar um grupo. Pretendo avançar as discussões e para isso há uma perspectiva de realizar o pós-doc.

Questões bloco 2:

1. Com que metodologia você trabalha para o estudo de gêneros (textuais, discursivos)?

2. Quais são suas 3 principais referências estrangeiras?

3. Qual a sua principal referência brasileira para trabalhar o conceito de gênero?

4. Como você analisaria os estudos de gêneros na area de Letras no Brasil?


Silvio Ribeiro da Silva ([email protected])
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Texto apresentado no Siget: "Pesquisa sobre gênero no Brasil: o que mostram os dados do Siget e da pos-graduação stricto sensu" (em pdf)


1. Uso como metodologia a pesquisa de base interpretativista e a etnografia, embora nao seja exatamente o que fazem os antropólogos em seus estudos de base etnográfica. Meu campo gerador de dados é a sala de aula. Por isso preciso participar da mesma, do que lá ocorre, dos eventos de letramento lá desenvolvidos e das interaçoes oriundas desse espaço de interlocuçao.

2. Uso para o estudo dos gêneros basicamente a teoria de Bakhtin (o capítulo dos gêneros do discurso do livro Estética da Criação Verbal). Porém, também faço referência a Dolz & Schneuwly ("Gêneros Orais e Escritos na Sala de Aula") para a discussão teórica sobre os gêneros.

3. Em se tratando de autor brasileiro, não uso nenhum autor brasileiro em específico, uma vez que o que se tem, em geral, é sobre gênero textual. Porém, cito bastante Rojo ("Gêneros Textuais e Discursivos: questões teoricas e aplicadas") para justificar melhor o porquê da adoção do conceito de gênero do discurso e não de gênero textual.

4. O estudo do gênero no Brasil tem despertado o interesse de muitos estudantes e pesquisadores nao só na área de Letras. O grande exemplo que temos acerca da importância desse estudo creio que pode ser visualizado no SIGET, uma vez que se trata de um evento único no país acerca do que se estuda e se pesquisa sobre o gênero em nível nacional e até mesmo internacional. Na comunicaçao que apresentarei, creio que mostrarei um pouco do que vem sendo estudado. Mostrarei dados referentes aos 3 primeiros SIGET, abordando quantitativamente o que foi apresentado sob forma de comunicaçao, mesa redonda, minicurso, etc.



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