Notícia boa merece ser reverberada. Espalhada aos quatro ventos. Tal como a boa nova que vem do OmbudsPE, projeto que monitora a imprensa pernambucana, especialmente no que concerne a respeito aos direitos humanos.
O site havia publicado, em novembro, um comentário sobre os famigerados anúncios publicitários disfarçados de notícia, com destaque para os veiculados no Jornal do Commercio. A denúncia foi enviada à Agência Nacional de Jornais (ANJ).
No início deste mês de fevereiro, a ANJ reconheceu o erro e mandou resposta pela assessoria de imprensa:
"Informo que a diretoria da Associação Nacional de Jornais, depois de consultar o Jornal do Commercio a respeito da denúncia por você encaminhada, de que o jornal havia veiculado publicidade sem a devida caracterização, considerou satisfatória e adequada a explicação daquele periódico. O Jornal do Commercio admitiu o equívoco, explicando que deveu-se à falha da agência de publicidade e falta de comunicação com a equipe de produção do jornal. O anúncio foi produzido sem a devida caracterização pela agência e esta falha passou despercebida pelo editor da página. Além de lamentar o equivoco, o Jornal do Commercio manifestou a certeza de que não voltará a ocorrer. Agradecemos sua iniciativa de apontar o problema, que consideramos como uma contribuição para o padrão de jornalismo ético defendido pela ANJ."
A equipe do OmbudsPE informa que "a resposta da associação empresarial nos anima para que utilizemos ainda mais esse canal para apontar desvios no código de ética apontado pela própria entidade". Link completo do texto.
Não lhes parece essa notícia um pouco com a flor de que falava Drummond? Um fiapinho de esperança em meio às náuseas do mundo.
A Flor e a Náusea
(Carlos Drummond de Andrade)
"Preso à minha classe e a algumas roupas
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me?
(...)
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia.
Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia.
Mas é uma flor.
Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. "
(leia o poema completo)