Jornalismo
Austeridade: Causa ou Consequência?
Continua a campanha mediática que visa atribuir à “austeridade” a origem de todos os males.
Recorrentemente, nos jornais e nas tvs, continua a ser transmitida a ideia que os problemas dos quais o País padece, tiveram origem nas “medidas de austeridade”, nomeadamente, nos últimos dois anos de governação.
Por vezes, custa a acreditar na forma infantil como este assunto é tratado na agenda mediática, onde existem: os “bonzinhos” que querem crescimento Vs os “mauzões” que querem a austeridade. Lembram-se, por ex., de Hollande? O “salvador” que a comunicação social nos vendeu durante meses? Porque será que esse símbolo da “anti austeridade” conseguiu o extraordinário feito de, ao final de 1 ano de mandato, ser “o chefe de Estado menos popular da história moderna francesa.”?
Isto para não falar naqueles jornais que até reformulam a história, recordar este post por ex., onde o Público chegou a avançar que a quebra da taxa de natalidade em Portugal (apesar de esta vir decrescendo desde os anos 80), se deve à “austeridade”…
Agora, é a vez de imputar à “austeridade” outra responsabilidade: a circunstância de Portugal ser um “dos países mais desiguais do mundo”. Isto é falso!
Aqui, podemos constatar que “antes da austeridade” (2008), Portugal já era o país mais desigual da União Europeia a 27!
“Considerando o total dos 5% mais ricos, Portugal era o país da UE-27 no qual o rendimento monetário detido por este grupo era proporcionalmente mais elevado: 18% do rendimento monetário total apurado para o país. Se se considerar o 1% do topo, Portugal surgia também em primeiro lugar, a par da Lituânia: 6,6% do rendimento monetário total.”
E, sim, parece que este fosso entre ricos e pobres, foi cavado em conformidade com a “sacrossanta” Constituição…
Repito – este era o retrato do país antes da “austeridade” – atribuir a “pobreza”, a “desigualdade”, etc., à “austeridade” é mais um EMBUSTE que interessa a alguns manter!
Este é um país sem memória. O triste estado a que Portugal chegou, não se deve aos últimos 2 anos. Esta ladainha da “austeridade” Vs “crescimento”, serve apenas para, junto dos cidadãos, implantar uma ideia. Mas alguém acredita que algum político quer que um país “empobreça” em vez de “crescer”?! Os políticos “vivem” de votos e de (re)eleições, acham que a 1ª opção dá votos a alguém?!
A "austeridade", i.e., os cortes e os sacrifícios com que a sociedade portuguesa tem de conviver, são a consequência dos erros de governação cometidos no passado e não a causa desses sacrifícios (estes, infelizmente, são inevitáveis. E serão durante anos…).
Imaginem que uma família comprou um “carrão” a prestações: se, porque não dispõem de recursos para tal, tiverem dificuldade em pagá-lo, a responsabilidade dos sacrifícios que terão de ser feitos, deve ser atribuída a quem optou pela compra ou, aqueles que se vêm forçados a cortar nas despesas porque é preciso pagar as prestações?!
Infelizmente, branqueando a responsabilidade de quem, no passado recente, tomou opções desastrosas e governou pessimamente, a comunicação social insiste é confundir causa com consequência... claro que isto não é inocente e visa colocar a opinião pública “do lado” da narrativa da esquerda.
Como é possível esta espécie de amnésia colectiva “pré-2011”, nomeadamente, o esquecimento da herança que os políticos que se intitulam como “anti austeridade” - os socialistas – deixaram, fruto da sua governação quase ininterrupta entre 1995 até 2011 (com o breve intervalo de 2,5 anos).
Se durante esse período - em que o financiamento era abundante – o resultado das tais “políticas de crescimento” foi, para além de uma das sociedades mais desiguais do mundo ocidental (como vimos) a bancarrota de 2011, como é possível que alguns ainda acreditem que essa “receita” poderia resultar, no actual contexto de financiamento exíguo?!
Austeridade, é fazer despesa à medida da receita que se consegue gerar. É assim tão difícil, para uma parte tão significativa da sociedade portuguesa, entender isto?...
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