ENTREVISTA / NELSON TRAQUINA Por Luís Eblak em 20/7/2004 | |
Tentar explicar "o que é jornalismo" e por que as notícias são como são. Esse é o desafio, nada simples, do livro Teorias do Jornalismo (vol.1), de Nelson Traquina (224 pp, Editora Insular, Florianópolis, 2004). A obra foi lançada em abril e a editora promete para breve (embora sem uma previsão fechada) seu segundo volume. Português nascido nos Estados Unidos, Traquina é mestre em Política Internacional, formado em Jornalismo pelo Institut Français de Presse e doutor em Sociologia, conforme apresentação do professor Eduardo Meditsch no livro. Como jornalista, foi correspondente da UPI. Hoje professor da Universidade Nova Lisboa, que teve o primeiro curso de Comunicação em Portugal fundado em 1979, Traquina se dedica ao estudo do Jornalismo. "[Para ele] O que deveria distinguir a formação universitária do jornalista seria o estudo teórico da prática jornalística", explica Meditsch [veja, abaixo, remissão para a íntegra da apresentação de Eduardo Meditsch para o livro de Traquina]. No Brasil, quem é considerado o "fundador da disciplina Teoria do Jornalismo" é Adelmo Genro Filho (irmão do atual ministro da Educação), autor do livro O segredo da pirâmide, de 1987. Nele, Adelmo (1951-88) formulou uma teoria marxista do jornalismo. De lá para cá, o estudo desse assunto se expandiu – principalmente entre pesquisadores de algumas universidades federais. Várias escolas de Comunicação vêm introduzindo a disciplina Teoria do Jornalismo em suas grades curriculares. A primeira que fez isso deve ter sido, ainda segundo a apresentação de Meditsch à obra de Traquina, a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), em meados da década de 1980. A publicação de livros de teoria do jornalismo, no entanto, parece até ser mais "monopólio" dos portugueses no Brasil: afinal, além da obra de Traquina, há também em nosso mercado editorial Teorias da notícia e do jornalismo, de Jorge Pedro Sousa (Florianópolis, Letras Contemporâneas, 2002). Traquina não aborda o caso brasileiro. Seu objeto de estudo se concentra em alguns países, como Estados Unidos, Reino Unido e França, principalmente, mas também Portugal. Daí sua afirmação, logo no primeiro capítulo, da "relação simbiótica entre jornalismo e democracia". Para tentar cumprir seu desafio de definir o jornalismo, o professor português recorre a grande bibliografia, principalmente de norte-americanos e franceses. Consciente do desafio, ele assume o risco. |