Jornalismo
É importante distinguir: greves provocadas pelo “roubo e ataque aos direitos dos trabalhadores” e as outras…
Embora não resida em Lisboa, é com interesse que tenho seguido a cobertura mediática da greve de recolha do lixo que aí decorre. Já assisti para cima de uma dezena de reportagens sobre o assunto e não deixa de ser curioso constatar a diferença no tratamento jornalístico desta greve por comparação com outras.
Normalmente, as reportagens sobre greves que passam nos telejornais, são dominadas pela opinião e revindicações, de grevistas. Quando o grau de mediatismo justifica, é recorrente, em reforço da revindicação do sindicalista “especializado” no sector, surgirem ainda os dirigentes das estruturas sindicais nacionais (UGT e/ou CGTP) com a habitual narrativa “trabalhadores Vs governos de direita”. Não é à toa que Arménio Carlos se tornou numa das figuras mais assíduas nos telejornais, logo, das mais reconhecidas pelos portugueses.
Mas, "estranhamente", nestas reportagens da greve à recolha do lixo em Lisboa, nunca vi um sindicalista expor as razões da mesma. Todas as reportagens, foram dominadas pelo transtorno que a greve causa aos cidadãos e pontuadas por diversas entrevistas de rua onde (salvo raras exceções) estes manifestam a sua indignação pelo prejuízo causado (esta greve é coisa do 3º mundo...).
As últimas reportagens, aliás, consistiram em exclusivo na comunicação do presidente da CM (António Costa), designadamente, a dar conta das medidas que está a tomar para minorar o incómodo que a situação origina junto da população e a dar conta da sua perplexidade com a greve, que, segundo ele, não tem qualquer razão de ser.
Penso que esta será a única greve em que, na televisão, não vi um qualquer individuo, mais ou menos exaltado, com uma bandeira ou uma faixa, a vociferar contra “os governos fascistas de direita que roubam os direitos dos trabalhadores!”. E o Arménio & outros, porque não aparecem? Será pelo contexto mediático, pouco "convidativo"?...
Não é, com certeza, por esta greve ser a resposta a decisões de gestão tomadas por António Costa, um dos prediletos do jornalismo militante, que a cobertura mediática não segue o guião habitual.
Não, isto sou eu que vejo conspirações em todo o lado…
Nota: não estão em causa as decisões de A. Costa (provavelmente até concordo com as mesmas). O ponto, como sempre, é o duplo critério do jornalismo luso.
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