Por Diego Assis
Como muitos brasileiros, o paulistano Rafael de Agostini Ferreira, 26, irá passar o réveillon deste ano no litoral. Com um grupo de amigos, ele pretende caminhar durante cerca de 40 minutos, atravessando florestas, vales e até desertos para chegar à Praia de Comodo.
Mas nem adianta procurar: a tal praia não existe nos nossos mapas. Fica em um endereço virtual conhecido apenas pelos jogadores de Ragnarök, game online que já atinge 800 mil brasileiros e espera ter pelo menos 10 mil conectados no ano-novo, com direito a confraternização e pirotecnias mil.
Outros “mundos” online, como World of Warcraft, com seus impressionantes 5 milhões de jogadores, e Second Life, também preparam eventos especiais para a data. Na versão brasileira da Vatsim, comunidade de amantes dos simuladores de vôo, podem ser encontrados pacotes especiais de réveillon, com saídas para Salvador, Nova York e até San Martin, no Caribe. Tudo virtual, claro.
“Todo mundo se organizou para passar o Natal com a família para ficar livre no ano-novo”, conta Rafael Ferreira que no RPG medieval Ragnarök assume a personalidade do cavaleiro Leafar, líder da guilda (grupo de jogadores) Ordem do Dragão, hoje com 40 membros.
“Ao invés de ir atrás de aventuras e procurar tesouros, a gente escolheu um lugar bem bonito (a praia virtual de Comodo) e vamos ver a queima de fogos de lá”, conta ele, que, depois da virada virtual, pretende desligar o computador e correr para a Praia Grande, para curtir seu primeiro dia do ano offline.
Já João Paulo Chaccur, 30 anos, outro cidadão virtual de Rune-Midgard, território imaginário onde se passa Ragnarök, só não vai molhar os pés fisicamente neste ano porque não pode: “Normalmente, eu passo o réveillon em Florianópolis ou no Litoral Norte, mas, desta vez, estou com uma filha de 8 anos em casa e nem a um restaurante poderei ir”, comenta Chaccur, mais conhecido entre os jogadores como Mr. Val, o “arruaceiro”. Nada de arruaça, papai. “O jeito vai ser ficar em casa jogando”, conforma-se.
A idéia de promover algo diferente para a temporada de festas deste ano partiu dos administradores de Ragnarök – originalmente um jogo coreano – no Brasil. “Em 2004, não tínhamos preparado nada especial, mas as pessoas foram aparecendo, se confraternizando, contando como tinha sido o dia delas”, lembra Julio Vieitez, gerente da Level Up!, que trouxe o jogo, ao País em outubro de 2004. “Chegamos a ter 5 mil usuários conectados em plena virada. O que, para aquela época, era um número surpreendente.”
A fim de ajudar as pessoas a entrarem – ou não saírem – do clima, neste 2005/2006, a empresa resolveu criar seus próprios fogos de artifício. Desde o dia 28, monstros especiais irão circular pelo jogo carregando os rojões. Qualquer um que derrotá-los poderá ficar com os explosivos e mandá-los pelos ares na hora da virada.
Em Second Life, comunidade virtual alguns anos mais antiga que Ragnarök e direcionada a um público mais maduro, os fogos de artifício também devem marcar o céu deste dia 31.
“Os fogos melhoram a cada atualização (de software)”, afirma Wagner James Au, jornalista americano que há tempos acompanha de perto a “vida” de Second Life. Na agenda de eventos desse mundo virtual estão programadas “festas do branco” e até uma contagem regressiva “caliente” em Lakeville. “É algo bem parecido com a vida real: as pessoas vêm, dançam, beijam, soltam fogos ...”
O ingresso para passar o Réveillon em Second Life
é quase gratuito: basta fazer o download do programa em www.secondlife.com, instalar no seu PC e solicitar uma conta livre de cobrança. Entrar em Ragnarök (www.levelupgames.com.br) também é fácil, mas é cobrada uma mensalidade para jogar.
Só que, para não travar no meio da contagem, em ambos os casos, é importante ter uma conexão veloz à internet.