Diariamente enganamos; diariamente somos enganados. Mas, como se houvesse um pacto de silêncio, nem o consumidor de notícias denuncia o emissor, nem o emissor reconhece que está enganando o consumidor. E assim a vida segue, na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia.
Êh, bumba-iê-iê-iê! E olha que já vai longe o tempo em que não se distinguia informação de opinião, não se sabia onde terminava a redação e onde começava o departamento comercial. Avançamos muito. Já escrevemos "Informe Publicitário" pra dizer que não se trata de notícia, mas de propaganda. Já publicamos (!) a notícia positiva sobre o inimigo do dono do jornal e, lá dentro, no editorial, espinaframos com ele. É, aprendemos a separar as coisas. Já abrimos espaço para o direito de resposta (reconheçamos: espacinho raquítico, sovinado e mofino, reduzido a toscas e choradas linhas, sem destaque algum, lá no meio da seção de "Cartas dos Leitores", mas, vá lá, pelo menos ele existe, o que não é pouca coisa). Vez por outra até reconhecemos que erramos, e nos corrigimos. Acredite: estamos nos tornando civilizados. Nos cortes das entrevistas, já não colocamos um contraplano (imagem do entrevistador ou da mão do entrevistado, para dissimular a existência do corte que caracteriza a edição de uma fala). Hoje usamos um flash. Resolveu? Será que o respeitável público sabe que aquela piscada significa que ali houve a intervenção do editor? Talvez não. Mas já é um avanço.
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