Juro que não queria falar mais de SWAPS...
Jornalismo

Juro que não queria falar mais de SWAPS...



Antes de ir aos mais recentes desenvolvimentos desta novela, partilhar um pensamento que nos últimos dias me tem ocorrido: se, no tempo certo, a comunicação social tivesse "acordado" para este problema da “maquilhagem de contas”, se, durante 6 anos de tanta aldrabice contabílistica, os srs. jornalistas não tivessem mantido (por oposição à hipersensibilidade actual) uma atitude de autêntica passividade bovina, teria sido possível poupar os portugueses a parte dos sacrifícios que agora têm – temos – de fazer… 

Sobre a “caça às bruxas“, “é assim”: no início, os socialistas contrataram estes swaps ruinosos estando este governo, e a ministra, a remediar a situação. Aqui, a questão central eleita pela comunicação social, não foi o apuramento de responsabilidades pela existência de tais contratos, não. Como a Mª L. Albuquerque disse que na transição de pastas não constava informação dos swap (e os socialistas diziam que sim), a responsabilidade da assinatura desses contratos foi considerada uma questão lateral... A questão central passou a ser a conduta da ministra: teria, ou não mentido?

Entretanto, depois de semanas sob fogo, a ministra conseguiu provar que, efectivamente, nada de relevante e concreto tinha sido transmitido relativamente aos “swap tóxicos”… o jornalismo - que nem se preocupou em confrontar os socialistas (quem mentia afinal?) com os elementos apresentados - logo substituiu essa polémica. O alvo deixou de ser a ministra, mas a sua imagem, claro, foi seriamente desacreditada.

Agora, com base em documentos possivelmente forjados, lançou-se na comunicação social a notícia que este secretário de Estado era o responsável pela proposta de swaps tóxicos ao governo de Sócrates. Desta vez, se quem apresentou os documentos mentiu ou não mentiu, parece que é secundário, lateral. A questão central é saber se o secretário de estado – há altura colaborador do CitiBank – estava associado a essas propostas…

Pelo menos, nisto de definir o que é a questão central e a questão lateral, o critério da comunicação social é óbvio e coerente: os “culpados” são sempre os mesmos… a isto chama-se “Jornalismo de Inquisição”. Agora a questão de fundo:
 
A escolha de um Ministro ou Secretário de Estado das Finanças, passa a ficar vedada a pessoas que tenham trabalhado no sector financeiro?


Considerando a polémica em torno do actual secretário de estado – dado como incompatível para o lugar porque “andou enrolado” em swaps -, e, sabendo nós, que todas as empresas do sector financeiro comercializam esses produtos, depreende-se pelos comentários de jornalistas e comentadores nos últimos dias, que “JAIMÉ!” alguém com experiência nesse sector poderá exercer funções das Finanças. 

Saído este sec. de estado de cena, talvez seja melhor começar a recrutar os próximos , por ex., em roulottes de venda de farturas… desde que, claro, nunca se tenham esquecido de passar factura! (já imagino as reportagens com anónimos a relatarem a compra de coiratos à margem do fisco…um escândalo!!!)   

Um governante, deve ser seleccionado pelas suas competências e, posteriormente, avaliado pelo mandato e trabalho desenvolvidos, ou são os jornais, em função do seu critério selectivo e pelo clima criado em torno da escolha, o elemento determinante a observar? Se a comunicação social tivesse ficado silenciosa, como sucede em tantos outros casos, teria existido demissão neste caso?...
 
Mas a própria reacção de Pais Jorge - com as suas hesitações e receios de como as coisas seriam exploradas mediaticamente - é sintomática dos tempos de verdadeira “tirania mediática” em que vivemos. Se estava ao serviço de uma entidade que comercializava esses produtos, é expectável que fizesse o quê?!

Por exemplo, imaginemos que, nos próximos meses, o Estado, através das inúmeras entidades públicas que tutela, passar a comprar mais grades de cerveja à Unicer, como vai ser? Será que se vão levantar questões éticas relativamente ao novo Ministro da Economia?




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