O piropo, é a ponta do iceberg...
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O piropo, é a ponta do iceberg...






Em alguns casos pode até ser ténue, mas há uma “linha que separa” o assédio sexual do piropo, existindo já legislação para a primeira (que, obviamente é, inaceitável), que iniciativa legislativa poderia ser produzida nesta área?! “Sr. agente aquele trabalhador do 3º andaime chamou-me boa!...”,Minha Sra., só podemos actuar em flagrante delito…

(Nota: Provavelmente o projecto lei salvaguardaria uma excepção... o piropo em grafiti.)

No entanto, o mais relevante neste caso – para além daquele impulso estatista de achar que debitando legislação se resolvem os problemas - é a circunstância de o mesmo revelar que os adeptos da ideologia “o Estado deve meter o bedelho em tudo”, ainda têm uma significativa presença em Portugal (lembrar a República Socialista Portuguesa).

Segundo estes, o Estado deve proibir isto e descriminalizar aquilo, deve subsidiar fulano e confiscar sicrano, enfim, o Estado deve planear, regular e intervir de forma crescente, em toda e qualquer área da sociedade, progressivamente negando ao “indivíduo” qualquer livre arbítrio ou margem de escolha sobre as suas acções e caminhos. Isto não soa a totalitarismo, uma aproximação à ditadura?!

Esta concepção de sociedade da esquerda, esta omnipresença do Estado em toda e qualquer área - ora impondo e/ou restringindo - o que os cidadãos devem ou não devem fazer, não será o principal incentivo ao desenvolvimento de uma sociedade constituída por indivíduos com pouco sentido de dever, com fraco sentido cívico e de responsabilidade do seu papel perante a sociedade?

Em suma, para “cidadãos” com fraco sentido cívico, que olham para o Estado como “que tem de resolver todos os seus problemas", não será normal desenvolver a convicção:

          - que a escola é que deve educar os seus filhos e, que se estes faltam aos respeito aos professores, nem sequer é um problema seu…;

          - que se o Estado não lhe providencia um emprego e um salário, terá que lhe pagar um subsídio, providenciar uma casa, etc.. Aliás, a própria Constituição assim o garante, certo?…;

Note-se, na sociedade portuguesa, continuamos a viver com os níveis de violência doméstica que são conhecidos, com flagelo do abandono de idosos, abrimos um jornal e lá encontramos notícias diárias de conduta imprópria em locais públicos (por ex., os casos de discussões e agressões em serviços públicos), o comportamento impróprio de crianças e adolescentes nas escolas, nomeadamente, o desrespeito pelos professores, a forma como os portugueses se comportam (conduzem) na estrada ou, até, este "fenómeno" da combustão espontânea das nossas florestas (negligência e crime, na sua grande maioria).

No entanto, perante este cenário que ilustra o nível de maturidade cívica da sociedade portuguesa, invariavelmente, no discurso público e na agenda mediática (aliás, um dos temas predilectos aqui do blog é a diferença entre o “país real” e o “país dos telejornais”), os “portugueses” são objecto de uma desculpabilização. Quantas reportagens, sobre casos de delinquência por ex., não terminam com a célebre moral “a culpa é da sociedade” e transmite-se a mensagem, a ideia, que o indivíduo (ou o povo) é (são) uma vítima?


Esta “teoria social da desculpabilização”, decorrente dessa dependência crónica de um "Estado Paizinho", tem efeitos perniciosos no funcionamento da sociedade portuguesa (funcionamento que, acredito - mais do que as riquezas naturais de cada nação - é o factor mais determinante no desenvolvimento harmonioso e no progresso das nações), reforça um ciclo vicioso na relação entre os políticos e os partidos e o eleitorado. Como uma larga franja da população continua a olhar para o Estado como aquele “que tem de resolver todos os seus problemas”, os políticos oportunistas sempre aparecerão garantindo ou sugerindo, que isso é possível.

Há anos que o eleitorado se queixa dos seus políticos, mas, não será também verdade que o eleitorado gosta / prefere aquele político que lhes mente, nomeadamente, prometendo aquilo que sabe que é impossível?

Os cidadãos portugueses, enquanto não encararem a realidade e assumirem as suas responsabilidades e vez de esperar que alguém lhe venha resolver a sua vida, apenas terão os políticos que
merecem…
 





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