Jornalismo
Relatório de encontro (29)
Data: 02/07/2011Local: Sala de estudos do Mestrado em Letras, bloco 53Hora: 9h30
Presentes: Fabiana Piccinin, Demétrio Azeredo Soster, Joel Haas, Vanessa Kannenberg e Andréia BuenoNeste encontro, demos continuidade às discussões referentes aos textos do livro
O Cinema do Real, organizado por Eduardo Coutinho e Amir Labaki.
O texto debatido durante o encontro foi “O Sujeito (extra) Ordinário”, de Eduardo Coutinho, Ismael Xavier e Jorge Furtado, apresentado pela professora Fabiana Piccinin.
Na abertura do texto o cineasta Jorge Furtado questiona o que afinal vem a ser o cinema clássico e se utiliza de dois grandes nomes da cinematografia, Lumiére e Melies, para mostrar que o cinema, mesmo que tenha nascido recentemente, pode apresentar múltiplos significados. Se Lumiére dizia que o cinema mostra a vida como ela é, e Melies acreditava no poder da edição, então Furtado diz se considerar muito mais Melies.
O cineasta diz que na linguagem coloquial, quando alguém se refere a um filme clássico, esta pessoa esta afirmando que o filme foi colocado “à prova do tempo”. Para o autor existe ainda a interpretação da palavra clássico como algo que “segue os cânones preestabelecidos”.
Sendo assim, segundo o texto, filme clássico é aquele que segue a determinados padrões impostos. Furtado questiona então:” que padrão é esse?” Para Furtado basta analisar os padrões de filmes norte-americanos e ali vai estar o tal padrão aqui questionado: uma “estrutura simples mas é, sem dúvida, clássica, já que remonta às origins das fábulas e, portanto “seu valor foi posto à prova do tempo”.
É desta forma que o cineasta diz acreditar em estruturas mentais, ou em inconsciência coletiva (quando os padrões se repetem). O texto discute esta inconsciência coletiva (Jung) e, assim, Furtado alega que as temáticas dos filmes são sempre as mesmas, o que mudam são as formas de abordar estes temas.
No texto, Furtado afirma: “Se a estrutura dramática do cinema “clássico” pode ter algo de natural e orgânico, seus procedimentos narrativos são apenas convenções eficientes: personagens que desconhecem a presença da câmera, atuam e falam segundo o que se convencionou chamar de naturalismo; cenários, figurinos e situações que simulam uma realidade possível (…) A linguagem deve permanecer escondida, de modo que o espectador em nenhum momento lembre-se de estar no cinema.”
O cineasta relata ainda que é pelo motivo de o cinema ser tão múltiplo que procura-se “nas outras linguagens a chave para a compreensão do gênero”.
Furtado alega que o cinema segue uma ordem platônica pois trabalha com: a história imaginada, a idealizada e a posta. Para ele o diretor pega os elementos da vida do sujeito e ordena no filme. O texto traz, para encerrar a opinião de Furtado, diversas citações que comprovam a busca por uma linguagem literária em obras consideradas“clássicas”.
Eduardo Coutinho, para explicar o cinema, faz algumas citações (como ele mesmo afirma: desconxas) para enfatizar, que para ele lhe interessa as coisas dos outros. Frases como: “ A partir do momento em que as pessoas lhe esquecem, você começa a ter talento” e “Deus está no particular” aparecem no texto. Coutinho encerra relatando sobre um filme, produzido por um undergroung americano,Jonas Mekas, que se passa em Nova Iorque e é um filme testamento. Para Coutinho uma produção do real e algo incrível.
Para Ismael Xavier trata-se da “ invenção de um certo tipo de subjetividade na qual passa a haver um desdobramento e se perde qualquer ilusão de transparência em relação ao “eu”. (…) “Para Xavier é esta subjetividade que cria “toda uma serie de jogos de espelhos” e que dá origem ao romance (abordado nos filmes). Para ele é preciso existir um reconhecimento do espectador com o filme. “O espectador entra num processo de empatia. De identificação com aquele universo imaginário que é o mundo ficcional, e se relaciona com o personagem”.
Ficou acordado entre os presentes que o próximo encontro vai acontecer no dia 15/06, às 9h30min na Sala de Estudos do Mestrado em Letras, no bloco 53 da Unisc. Pede-se que para este encontro, os participantes releiam os relatórios que se encontram no blog do que foi feito até aqui e tragam sugestões para produção do artigo. Também foi sugerido que todos façam a leitura do artigo produzido pela professora Fabiana Piccinin, o qual ela se comprometeu a enviar por e-mail.
Neste próximo encontro o grupo dará continuidade as discussões sobre o livro “O Cinema do Real”, e o próximo texto a ser debatido vai ser “Documentários de busca: 33 e Passaporte Húngaro”, de Jean-Claude Bernardet.
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