Jornalismo
Rousseau e o republicanismo
Dentro da programação do III Colóquio Nacional Jean-Jacques Rousseau, que começou ontem e vai até sexta-feira, aconteceu mais cedo uma palestra com o professor Dr. André Bertan, da Université Catholique de Louvain, na Bélgica, sobre Rousseau e o republicanismo.
A palestra tratou de três questões principais sobre a obra de Rousseau: a filosofia da histórica, o republicanismo (tentativas contemporâneas de renovar a república clássica) e as disposições naturais (que são as disposições normais quando se trata de modelos políticos). Abaixo um pequeno resumo dos pontos e um vídeo, feito de um celular, da apresentação do Profº Dr. Bertan.
Filosofia da História
A história real não pode ser linear, tem que dar conta das violências e injustiças. Deve ser uma história dialética. O professor apontou dois modelos de história. No primeiro, a história caminha na direção do Estado. Esse seria o caso da bíblia (um modelo secularizado). No outro, a história é negativa, vista como uma doença da civilização, onde haveria uma ocultação da verdade. Esse modelo seria o concebido por Nietsche e Heidegger.
Republicanismo
Hoje vivemos numa sociedade onde o modelo político ideal buscado é o da democracia liberal. Entretanto, há uma contradição entre liberalismo e democracia. No primeiro, busca-se proteger a liberdade porque cada um tem o direito de proteger seus interesses e, prega-se o Estado mínimo. Já a democracia busca assegurar a liberdade de participar das instâncias de decisões públicas. O elemento contraditório dos dois modelos é o modo como enxergam a liberdade. Há dois tipos de liberdade: a liberdade negativa ou moderna e a liberdade positiva ou antiga. No liberalismo há a liberdade negativa. Entretanto para a democracia funcionar deveria supor outra tipologia, que se funda na liberdade positiva.
A república é a forma de governo baseada nas virtudes cívicas. O republicanismo vê a lei como um mecanismo que permite o exercício da liberdade. Os liberais interpretam a liberdade negativa como ausência de interferência. Já os republicanos a interpretam como ausência de dominação. Na república, para garantir a liberdade individual é necessário um engajamento político mínimo. Sendo assim, tem que haver a liberdade individual e a liberdade das nações. Por isso, nem sempre os mecanismos democráticos proporcionam os resultados políticos certos para o republicanismo. Em sua obra, Rousseau problematiza a idéia da existência de um modelo político ideal. O contrato social, portanto, seria uma idealização. Nele busca-se assegurar a liberdade do indivíduo e dar um caráter moral a essa liberdade que era inexistente no Estado natural. Então, garantir a liberdade da nação seria o primeiro passo para alcançar a liberdade da nação.
Disposições naturais
Trata do funcionamento do comportamento humano. São constituídos, segundo Rousseau, de duas paixões : o amor próprio e a compaixão. Ver mais no vídeo.
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