Jornalismo
Unidos pelo Jornalismo
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Em meio ao controverso contexto gerado pela desregulamentação do diploma superior de Jornalismo, ocorreu na terça-feira, 23, na UNISINOS, o 3º Seminário Aberto de Jornalismo – “Jornalismo e Cidadania: tecnologias, conteúdos e atores”, promovido pelo GPJor. O evento não tratou especificamente do tema e da repercussão da recente decisão do Superior Tribunal Federal. Mas apontou, indiretamente, para como o Jornalismo, mais que uma atividade de arte, literatura ou “puro exercício de intelectualidade”, deve ser pensado e refletido a partir de seus lastros históricos e científicos.
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Movimentos Sociais e Tecnologias
A primeira parte do evento, que tratou especificamente da relação entre Jornalismo e Movimentos Sociais e Tecnologia, colocou em evidência, a partir das falas dos painelistas, mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, a complexa relação entre práticas jornalísticas, política e tecnologia.
Daniel Cassol e Vera Martins apresentaram e discutiram, a partir de suas pesquisas de dissertação, a presença do jornalismo na configuração de uma “imprensa popular alternativa” e como esta, seja ligada a um Movimento Social específico, seja a uma posição ideológica orientadora (“um jornalismo de esquerda”), cumpre um papel de politização da e na sociedade. E, da observação das práticas e processos aí envolvidos, apontam os mestrandos, pode-se apreender criticamente formas, estratégias e o próprio diálogo existente no circuito de comunicação formado entre estas mídias, certos grupos específicos e a sociedade em geral.
Na sequência, as alunas Grace Bender Azambuja e Maria Joana Chaise, discutiram, também com base em suas pesquisas de dissertação, como as tecnologias de comunicação têm estimulado não apenas o acesso a informação, mas um novo processo de interação entre mídia e público na produção de conteúdos informativos. Mais que discutir sobre os benefícios e os resultados práticos da participação do público e dos consumidores na configuração das notícias, as alunas problematizaram sobre maneiras, hoje, de se pensar conceitualmente tais práticas. “Se a teoria afirma que estaríamos, com as novas tecnologias, diante de um jornalismo mais cívico, mais participativo e democrático, até que ponto esta idéia é suficiente para pensarmos uma específica realidade jornalística?”, pergunta Maria Joana ao questionar sobre o conceito de “jornalismo cidadão”.
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Pesquisa e Ação Social
A segunda parte do Seminário iniciou-se com a fala da professora Christa Berger, coordenadora do PPGCC/UNISINOS e integrante do GPJor, que, em sua apresentação, refletiu sobre o papel da pesquisa científica em Comunicação. “Por que nós pesquisamos? Qual o sentido da pesquisa acadêmica em Comunicação? Qual o sentido da produção de conhecimento que nós geramos”? Partindo destas três questões, a professora salientou a necessidade e a importância da investigação em comunicação social, apontando o lugar específico desta para a sociedade desde um lugar mais amplo, o do pesquisador como “um trabalhador intelectual” que, em seu ofício, deve iluminar as zonas problemáticas da atualidade em que vivemos.
No caso específico da pesquisa em Jornalismo e Comunicação – e das Ciências Humanas, em geral – o “ato intelectual” deve contribuir para elucidar relações de poder que permeiam a sociedade, sabendo produzir um conhecimento crítico e reflexivo sobre a mesma. Nesse viés, Christa Berger lançou a questão: “que aspectos políticos, jurídicos e econômicos podem ser pensados na decisão do STF e na cobertura que a grande mídia tem feito sobre a não obrigatoriedade do diploma de Jornalismo?”.
A última fala do evento coube ao jornalista e professor da UNISINOS, Pedro Osório, também secretário executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Osório apresentou, a partir da visão do Fórum, como a democratização da comunicação está sendo pensada mediante um esforço organizado voltado para a implementação e criação de políticas públicas.
Cruzando falas dos outros palestrantes, Osório ressaltou a preocupação do FNDC para a constituição de instituições, voltadas para a comunicação social, que disponibilizem recursos técnicos e intelectuais para a instrumentalização estratégica e politizada da sociedade civil. “Além de estratégias de monitoramento de mídia, devemos estabelecer formas efetivas de apropriação das novas potencialidades tecnológicas em favor de uma comunicação mais democrática. Ainda estamos numa fase em que a tecnologia está sendo muito mais apropriada pelo mercado do que pela sociedade”, ressaltou o professor.
Ao fim de sua participação, Osório elencou as principais pautas da I Conferência Nacional de Comunicação que irá ocorrer, de forma regionalizada, no próximo mês de dezembro. São elas: o uso das novas tecnologias, a comunicação como direito humano (apoiada na idéia de “mídia livre”) e a comunicação como uma prática de classe (apoiada na idéia de que a comunicação deve ser do cidadão, estar a seu favor).
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Da cidadania para o jornalismo
Sem buscar um consenso sobre uma idéia de cidadania, eixo orientador do Seminário, o conjunto das apresentações deixou claro como, a partir do Jornalismo e da Comunicação, uma série de temáticas sociais emergem e podem ser pensadas. Na relação jornalismo e cidadania, portanto, se tomarmos o jornalismo como lugar de origem para a reflexão de questões socialmente relevantes, de união de uma série de temas, “outras faces” do diploma que o orienta podem aparecer.
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(texto - Frederico de Mello Brandão Tavares)
(fotos - Angela Zamin)
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