Jornalismo
Lei da Causa e Efeito: o mercado dos combustíveis.
Os portugueses queixam-se, com toda a razão, que o preço da eletricidade e dos combustíveis, praticados em Portugal, é elevado.
Aqui no blog, já havíamos falamos sobre a área da energia elétrica, particularmente, sobre as opções políticas seguidas entre 2006 e 2010 e o seu impacto na “fatura da luz”. Nesses posts, pretendeu explicar-se a causa ou, qual a origem, das célebres rendas excessivas. Também se pretendeu expor a enorme hipocrisia dos socialistas que, depois de criarem o problema, atiram para o atual governo a obrigação de o resolver (isto, claro, com a colaboração do jornalismo militante e esquerdista…).
Sobre o papel do governo de Passos Coelho nesta área e apesar de alguma redução das ditas rendas, fica a sensação que podem, e devem, ir mais longe no corte dos “direitos adquiridos” pelos produtores de energia (nomeadamente, a EDP). No entanto, sendo justa a crítica a este governo pela timidez no corte daquelas rendas, não podemos deixar de denunciar a narrativa mediática, caracterizada pela habitual falta de memória e de verdade, a qual, na prática, contribui para a desresponsabilização da gestão socialista pré-2011, junto da opinião pública.
Monopólio Vs Concorrência
Se há fator que beneficia os consumidores, é a efetiva existência de concorrência de mercado. E, infelizmente, se há traço marcante das políticas socialistas na área da energia, é a manutenção desses monopólios… nesta área da energia e para além das rendas asseguradas aos produtores elétricos, outra moeda de troca pelos milhares de milhões de investimento realizado em eólicas, foi precisamente a manutenção do monopólio existente na produção e distribuição de energia. Note, só um louco iria investir centenas ou milhares de milhões de euros em eólicas, sem a garantia de retorno… os governos de Sócrates, através de Decreto Lei, fizeram-no.
Hoje em dia, a ausência de concorrência na área dos combustíveis, pode explicar-se por um facto simples: a Galp é o único refinador de petróleo em Portugal. Isto significa que ao abastecer num posto da BP, da Repsol, Total, etc., está a adquirir produtos refinados pelo mesmo fornecedor. Repare, neste contexto, onde todos os retalhistas compram ao mesmo fornecedor, como pode uma entidade reguladora identificar más práticas de concorrência?! Só se os retalhistas assinassem uma declaração a confessá-lo…
Mas, há alguns anos atrás, esta situação esteve muito perto de ser alterada e a breve leitura das 3 notícias seguintes, é suficiente para explicar porque se mantém o atual monopólio da Galp. Em 1º lugar, recordar uma notícia de 2005…
“Portugal vai ter nova refinaria em Sines
...
Em Sines, o local escolhido pelos investidores para a instalação da nova refinaria, a terceira do País, poderá vir a criar cerca de 800 novos postos de trabalho”
No entanto, 2005, também foi ano de eleições. Iniciou-se, então, pela mão de Jorge Sampaio, a era Sócrates. Alguns meses decorridos, o projeto da nova refinaria ficou por terra:
“Governo retira apoio à construção de refinaria em Sines”
Assim, em vez de criar condições para que em Portugal se instalasse uma refinaria que fizesse concorrência à Galp, o poder socialista preferiu, não só, inviabilizar aquele investimento (decisão de 2006), como, dois anos depois (2008), optou por subsidiar a ampliação das refinarias da Galp:
“Aprovados apoios para a modernização das refinarias de Sines e de Matosinhos
...
O investimento em causa ascende a 1059 milhões de euros e deve permitir criar 150 postos de trabalho e alargar a capacidade de refinação da Petrogal.”
NOTA: Os socialistas não se cansam de repetir: “só com investimento se criam empregos”. Aqui está a prova, cada posto de trabalho foi conseguido com APENAS 7 milhões de euros!…
Se a opção política tomada, fosse no sentido de criar condições para alguma concorrência, quão diferente seria hoje o mercado de combustíveis em Portugal?
Objetivamente, considerando as medidas e as decisões tomadas no sector energético (eletricidade e combustíveis), quem terá servido melhor os "interesses do povo português" face aos “interesses do grande capital”: as opções e as políticas socialistas ou as opções dos “reacionários da direita”?
Por fim, relativamente ao papel da comunicação social numa área tão importante para a economia de cidadãos e empresas: como classifica o trabalho desenvolvido pelo jornalismo na investigação, explicação e informação dada aos cidadãos acerca destas temáticas?
Os portugueses, estarão cientes das decisões que estão na origem das pesadíssimas facturas que hoje têm de suportar?
Saberão, a partir da informação a que têm acesso, quem são os governantes que criaram o problema e quais os que ficaram com a ingrata tarefa de o resolver?
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