Jornalismo
Slides da aula de 13 de agosto
Aqui estão os slides da aula de 13 de agosto, em que discutimos a introdução de "O segundo sexo", de Simone de Beauvoir. É um texto basilar do pensamento sobre questões de gênero e a leitura de outros trechos da obra, em especial os indicados nas leituras sugeridas para esta aula, e o início do segundo tomo da obra são recomendadíssimos. É no início do segundo tomo em que está a frase que vocês jamais devem esquecer: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher". O mesmo vale para homens e toda a vasta gama de possibilidades de identificação de sexo (anatômica) e gênero (social).
Abaixo trechos do script da aula, que podem ser úteis para a revisão do argumento:
Todo gênero é por definição não natural. O que a Simone de Beauvoir diz é que nossa anatomia não determina nossa identidade.
O gênero é o significado e a forma cultural que o corpo, o sexo adquire, num processo variável de aculturamento do corpo, do sexo.
Sem dúvida, a mulher é, como o homem, um ser humano. Mas tal afirmação é abstrata; o fato é que todo ser humano concreto sempre se situa de um modo singular. Recusar as noções de eterno feminino, alma negra, caráter judeu, não é negar que haja hoje judeus, negros e mulheres; a negação não representa para os interessados uma libertação e sim uma fuga inautêntica. É claro que nenhuma mulher pode pretender sem má-fé situar-se além de seu sexo. Uma escritora conhecida recusou-se a deixar que saísse seu retrato numa série de fotografias consagradas precisamente às mulheres escritoras: queria ser incluída entre os homens, mas para obter esse privilégio utilizou a influência do marido. As mulheres que afirmam que são homens não dispensam, contudo, as delicadezas e as homenagens masculinas. – p. 8
Há implicações diretas sobre como nós nos entendemos. Se ser uma mulher é uma entre várias interpretações possíveis de ser fêmea, e se essa interpretação não decorre necessariamente do ser fêmea, então é arbitrário imaginarmos que o corpo da fêmea é sempre o local em que se desenvolve a mulher. Todo tipo de anatomia é possível com todo tipo de generização.
Há outra implicação interessante na definição de que nos tornamos mulheres. Em que medida conscientemente nos tornamos de tal ou tal gênero? Em que medida estamos socialmente determinados a adotar tal ou tal gênero? Escolho se sou homem ou mulher ou outra coisa? Ou isso é imposto sobre mim? Beauvoir parece dizer que escolhemos nossos gêneros, mas dentro de limitações que nos são impostas. Escolhemos de acordo com os estilos e repertórios disponíveis.
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