Jornalismo
Portugal, o bastião da Equidade...
A “Equidade” tem estado no centro da atenção dos mídia e da discussão política portuguesa. Não há dia em que num fórum na rádio, na imprensa ou no telejornal, iminentes personalidades, jornalistas e comentadores, não alertem o "cidadão comum" para a falta de "equidade" disto e daquilo…
A Equidade entre os pensionistas e os trabalhadores activos…
“Trabalhadores e pensionistas do Estado: Vêm aí mais cortes e desta vez são permanentes”
A Equidade entre os funcionários públicos e os privados…
“Governo aprova pacote laboral para a Função Pública debaixo de fogo”
E, na última semana, o drama da Equidade entre os alunos…
“Pais reclamam junto das escolas falta de equidade entre alunos por causa da greve”
“PCP questiona equidade entre alunos e responsabiliza Governo”
NOTA sobre esta última polémica: Que país de "virgens ofendidas" é este!... Como se, desde sempre, não existissem alunos a fazer exame (necessariamente diferentes) em diferentes chamadas…
Aliás, falando em equidade, o sistema de ensino assegura que todos os alunos são ensinados com a mesma competência durante o ano lectivo? Aqueles alunos que contam com um mau professor entre Setembro e Junho estão a ser tratados em pé de igualdade com aqueles que têm a felicidade de contar com um competente?...
Mas, seremos uma sociedade assim tão atenta à Equidade?...
Claro que Não! Apesar desta obsessão pela equidade, ela tem servido mais como arma de arremesso político do que uma genuína preocupação com injustiça ou desigualdades. Portugal é das sociedades mais injustas e assimétricas da UE e OCDE.
Se não é assim, como explicar - ainda mais numa sociedade que tanto apregoa os valores da "igualdade e fraternidade" -, que os níveis de desigualdade e as assimetrias regionais existentes em Portugal sejam praticamente um tabu para a comunicaçao social?!
PIB per capita medido através do iíndice Paridade Poder de Compra padrão (UE a 27 = 100)
A única região NUTS II portuguesaque apresentava em 2008 um PIB per capita superior à média da UE-27 era Lisboa (5% superior),
Será que o facto de a nossa comunicação social - para além de outros aspectos aqui referidos - se encontrar sedeada na capital, tem alguma relação com o desinteresse que a agenda mediática revela sobre esta realidade?...
Mas estas desigualdades - nomeadamente, entre Norte / Centro Vs Lisboa - são ainda mais gritantes e difíceis de explicar, quando se constata o que aqui é referido:
“A situação diagnosticada por estas duas regiões [Norte e Centro] apresenta-se como um paradoxo, com uma situação de pobreza galopante medida pelo PIB, mas rica em recursos qualificados, tecnológicos, em conhecimento e em experiência empresarial.
Estas duas regiões (considerando apenas a zona mais litoral da zona centro) continuam a ser responsáveis pormais de metade das exportações nacionais e por cerca de 2/3 das exportações de produtos tecnológicos e são ainda das regiões mais industrializadas da Europa. Ou seja, têm uma enorme capacidade empresarial instalada. Têm Universidades, Institutos e Centros de Inovação e Tecnologia de excelência, não só quanto à formação de quadros qualificados, mas quanto à produção científica e quanto ao I&D desenvolvido.”
Como podem as regiões que mais riqueza produzem, serem simultaneamente as mais pobres?!
Uma explicação para este paradoxo, foi dada aqui "Do Portugal silencioso..."
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